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quinta, 02 de maio de 2024
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O potencial da atividade física para o tratamento da Doença de Alzheimer

  • setembro 24, 2019
  • 3 min read
O potencial da atividade física para o tratamento da Doença de Alzheimer

Publicada no dia 7 de janeiro de 2019 na revista Nature Medicine , uma pesquisa coordenada pela neurocientista do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, Fernanda De Felice, revelou o potencial de exercícios físicos para um possível tratamento da Doença de Alzheimer (DA). Observado em camundongos modelos, a atividade física promove a produção de uma proteína chamada FNDC5, que tem como subproduto o hormônio Irisina.

Liberado nos músculos, esse hormônio funciona como um transmissor de mensagens químicas (fator que deu origem a seu nome em homenagem a Íris, mensageira dos deuses da mitologia grega). Na pesquisa, foi confirmado que o aumento das taxas de Irisina nas células cerebrais recupera as sinapses e a memória no modelo estudado. Os resultados do estudo mostram que a Irisina possui um potencial neuroprotetor capaz de prevenir, estacionar e até mesmo reverter alguns quadros de DA em camundongos. Além de reduzir o déficit de memória, o aumento desse hormônio também fez com que os roedores apresentassem uma melhora no aprendizado e cognição.

DA é um mal que acomete principalmente pessoas idosas. Para esse grupo, assim como para deficientes físicos, a prática de atividade física nem sempre é possível ou viável. Por isso, está sendo estudada a possibilidade da criação de um medicamento à base da molécula de Irisina para o futuro, uma vez que testes clínicos são minuciosos e consequentemente mais demorados. Porém, mesmo que a aplicação medicinal apresente-se distante, esse estudo desenvolve um grande avanço no conhecimento das possíveis causas da DA e também reforça os benefícios do exercício físico para o organismo humano, como a redução dos riscos do Alzheimer.

Além disso, Mychael Lourenco espera que com o seu trabalho outros pesquisadores se interessem por tratamentos envolvendo o hormônio e que estes possibilitem o desenvolvimento de uma terapia acessível para tratar essa doença que afeta tantas pessoas no mundo. Essa descoberta representa também a possibilidade de desenvolver uma terapia preventiva para DA, que retardaria alguns de seus sintomas e até os evitaria. Hoje em dia, segundo a Organização Mundial de Saúde, a DA afeta 35 milhões de pessoas no mundo, sendo 1 milhão no Brasil. É uma doença neurodegenerativa que atinge as sinapses e causa a perda de neurônios, gerando uma atrofia nas áreas afetadas. Nos primeiros estágios, a perda de memória recente pode ser confundida com sintomas comuns de envelhecimento ou estresse. Mas a medida que a doença se agrava, as habilidades espaciais e visuais são comprometidas, e aos poucos a pessoa acaba perdendo a sua autonomia. Diante desse quadro, essa pesquisa se mostra como uma pequena, mas inspiradora, esperança de uma terapia para todos que sofrem da Doença de Alzheimer.

Referência: Lourenco, MV et al. Exercise-linked FNDC5/irisin rescues synaptic plasticity and memory defects in Alzheimer’s models, Nature Medicine 25 , 165-175 (2019). https://www.nature.com/articles/s41591-018-0275-4

Por Marina Lemos dos Santos Caeiro
Graduanda do curso de Ciências Biológicas (Biofísica) da UFRJ

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